Oxum



Projeto: “O CULTO A OXUM EM SALVADOR-BAHIA E OXOGBÔ-NIGÉRIA, ASPECTOS CONSTITUTIVOS DA DIVINDADE: FORMA, COR, TIPOS E MITOS”.

Data: 1988 a 1991.
Realização: Programa de Iniciação Científica UFBA/CNPq. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação UFBA.
Local: Escola de Belas Artes em Salvador/BA e exposição Transatlantik, Alemanha.
Apreciação crítica:
RONALDO MARTINS: PROCURANDO RAIZES, ENCONTRANDO TESOUROS...
No presente trabalho o artista vivenciou prolongada inquietação para chegar a responder pictoricamente os sentidos do “mito” OXUM em Salvador e Nigéria.
Divindade primordial da mitologia africana, OXUM é identificada como a GRANDE MÃE ou ÁGUA RAIZ, sendo o seu AXÉ o nutriente engendrador da VIDA UNIVERSAL. Segundo as raízes antropológico-étnicas em questão, Ronaldo inspirou-se nas iconografias tradicionais de OXUM, aprofundando aspectos simbólicos de natureza formal e cromática. Apoiando-se cientificamente nos fundamentos da Cromoterapia, Ronaldo encontrou o apoio conceitual, dentro de sua linha de formação “exotérica”, para compreender o sentido simbólico da cor “pupa” ou “pon”, que em nagô significa tanto o vermelho quanto o amarelo. “Pon roro” é o amarelo ouro, cor que caracteriza OXUM na sua mais completa manifestação. Curiosamente, a cor amarela ouro é identificada em muitas tradições primordiais como símbolo do “centro”, isto é do “self” em pleno estado maduro. Daí podermos deduzir o grande e profundo significado desta Divindade MÃE-RAIZ, acima de qualquer metro ou tentativa linear de descrevê-la. É interessante observar como Ronaldo, ao enveredar pela busca de “raízes”, encontrou um “tesouro” de incalculável valor. Replasmando com grande singularidade a imagística do mito de OXUM, o artista parece ter desvendado uma parcela significativa de suas origens mais radicais, que por incrível que possa parecer é também a origem de todos e de tudo sem exceção.

DANTE GALEFFI